O trabalho voluntário e a transformação das relações de trabalho

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Até poucas décadas atrás, o trabalho voluntário estava predominantemente restrito a algumas ações pessoais, de grupos escolares ou religiosos. Mas esta dinâmica mudou e hoje, a maior parte da adesão voluntária vem de empresas privadas. Além do impacto causado nas instituições e grupos beneficiados, o mais interessante é observar a forma como estes programas têm alterado o comportamento de executivos dos mais variados segmentos e suas funções dentro das empresas.

Sabemos que atualmente, a competitividade do mercado não se limita mais apenas ao preço e à qualidade dos produtos e serviços prestados. O empresariado zela por funcionários e clientes, mas também compreende seu dever em contribuir para a qualidade de vida, preservação do meio ambiente e desenvolvimento comunitário. E de acordo com esta nova postura, são muitos os conceitos discutidos sobre responsabilidade social, investimento social privado e voluntariado empresarial. Embora haja divergência no modelo defendido e na causa a apoiar, a ação voluntária é amplamente reconhecida como ponto unificador e modificador das estruturas e relações de trabalho.

O desenvolvimento de programas de voluntariado é visto pelos profissionais de RH como uma atividade que contribui para a formação de uma força de trabalho mais preparada para enfrentar com criatividade os impasses diários do mundo corporativo. Para coordenar e executar os projetos sociais nos quais atuam, na maioria das vezes, estes profissionais se deparam com estruturas desprovidas de ferramentas tecnológicas e com equipes bem enxutas. E ao longo do tempo, desenvolvem mais suas habilidades de liderança ao lidar com voluntários de perfis tão diferentes.

A experiência do trabalho voluntário consegue colocar aos olhos destes executivos que a transformação social de uma comunidade é possível por meio de um projeto sólido e estruturado. Em contato com a comunidade, os executivos passam a conhecer verdadeiras histórias de sucesso de ascensão social – jovens e adultos que foram alfabetizados com voluntários, estudantes que passaram por cursos de inclusão digital, aprendizado de inglês, entre muitas outras iniciativas. E este “sentir e viver” faz com que os executivos acreditem mais nas causas e nas pessoas.

O grupo de voluntários que acompanha o surgimento e desenvolvimento de um projeto social participa dos grandes desafios relacionados à transformação de um ideal num projeto, a consolidação e a expansão de uma instituição social. Tudo muda quando uma iniciativa que atende centenas de pessoas passa a atender milhões, entraves e dificuldades aparecem, mas ao fim, todos envolvidos se transformam juntos.

De volta aos escritórios, estes profissionais apresentam mais criatividade e confiança na solução de problemas que envolvam muitos departamentos, apresentando habilidades multitarefas e visão geral dos negócios. A experiência adquirida dentro de instituições e ONGs ajuda estes executivos a pensarem em soluções mais simples para divergências do dia-a-dia e a acreditarem na força do trabalho em equipe e nos resultados que podem surgir da união entre persistência e confiança.

Para a instituição e comunidade beneficiadas, o executivo é capaz de levar as práticas diárias da iniciativa privada, que muitas vezes, apresentam grande dificuldade para um órgão não-governamental, tais como gerenciamento eficiente, conhecimento administrativo e burocrático, visão de negócio e estratégias de marketing para busca de apoios e patrocínios.

Com a cultura do voluntariado mais presente na sociedade brasileira, observa-se uma nova filosofia permeando executivos, estudantes e academia – concordamos que todos nós somos responsáveis e temos a nossa parcela de compromisso na construção de um país mais igualitário. O foco saiu da esfera governamental e hoje acreditamos que todos nós compomos um só país com as características únicas de nossa brasilidade e desafios peculiares.

Todas as esferas podem colaborar e a junção destes fatores ganha força muito maior. Se o governo já conta com um sistema estruturado em redes e unidades, a iniciativa privada pode compartilhar sistemas otimizados e ferramentas inovadoras enquanto o cidadão poderá sempre oferecer a sua energia. Este conceito de unidade se fortaleceu, e o grande divisor que existia entre a iniciativa privada e comunidade diminuiu. Hoje, a comunidade vai para dentro da empresa e a empresa faz parte da comunidade.

Fonte: Revista Incorporativa
02/08/2011

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