1. Não deixe de poupar um mês sequer
Não existe mágica. O seu patrimônio será formado por um cálculo bem simples:
(+) Suas Receitas
(-) Suas Despesas
(=) Sua Capacidade de Investimento
Para formar um patrimônio sólido, você precisa fazer suas despesas serem menores do que as suas receitas. Em outras palavras, você precisa poupar.
Via de regra, todo mundo sabe disso.
Mas apenas 4 em cada 10 brasileiros agem assim.
Acredito que o maior inimigo para que essa meta seja realizada está no constante adiamento do ato de separar uma parte do salário para os investimentos.
“Esse mês está ruim. Mas no mês que vem eu começo.”
Porém, o mês bom nunca chega. E não vai chegar.
Você precisa poupar todos os meses.
Não existe um percentual ideal que possa ser aplicado a todos. Mas eu defendo que um pai de família deva poupar mensalmente entre 15% e 30% da sua renda.
É claro que esse percentual depende de uma série de fatores, como a faixa de renda, o número de filhos, a idade, entre outros.
Contudo, mais importante do que o valor poupado é criar o hábito de separar uma parte da renda para os investimentos.
Passado algum tempo, a recompensa de ver o patrimônio crescendo a cada dia é o maior estímulo que existe. É como se o indivíduo criasse uma dependência de poupar. Nesse caso, uma dependência sadia.
2. Não confie no gerente do banco
A função desse valoroso profissional é verificar as melhores opções de investimento e levar até o poupador a melhor forma de ver o seu dinheiro render… certo?
Certo. Mas há um porém…
Assim como os analistas do banco e das corretoras, eles ganham se cumprirem metas.
As receitas dessas instituições vêm dos produtos que eles comercializam. Nenhum desses profissionais vai indicar um produto de banco ou corretora concorrente, mesmo que seja vantajoso para você.
E o crescente lucro das instituições financeiras é a prova de que nossos amigos gerentes estão cumprindo muito bem esse papel.
Muitos poupadores acabam sendo levados a fazer um título de capitalização ou uma aplicação qualquer com taxas de administração caríssimas. Tudo isso para que o gerente atinja as suas metas.
“Mas, se o gerente não me dá os melhores conselhos, quem deve ser o responsável pelos meus investimentos?”
Você mesmo!
Ninguém vai cuidar do seu dinheiro melhor do que você mesmo.
Não transfira essa responsabilidade para ninguém.
Mesmo que você se ache um leigo em finanças. É muito simples montar uma carteira e investir ao longo da vida. Falaremos mais sobre isso daqui a pouco.
3. Não assuma toda a responsabilidade sozinho
Quem não conversa com a família sobre a necessidade de poupar para a aposentadoria acaba carregando uma pressão desnecessária sobre os ombros.
É claro que a sensação de comprar uma roupa nova é mais agradável do que passear no shopping e voltar de mãos vazias.
Mas seus familiares conhecem o seu projeto de aposentadoria?
Talvez se conhecessem, muitos incômodos poderiam ser evitados.
Minha sugestão é que você faça uma planilha com metas individuais para cada membro e mensalmente cruze os dados alcançados com os projetados.
Além de um estímulo, essa prática mostra quanto a família terá daqui a alguns anos.
Com todo mundo participando, o objetivo é alcançado com muito mais facilidade.
4. Não gaste dinheiro com juros
Pense em algo óbvio. Algo que talvez nem precisasse ser dito.
Não gaste dinheiro com juros é uma dessas coisas. Tão óbvio que às vezes até esquecemos de seguir…
Não existe “12 vezes sem juros”.
Se a loja que você está comprando insistir que o valor à vista é o mesmo do valor em 12x, vá até a loja concorrente.
É claro que existem momentos em que a taxa de juros pode valer a pena. Mas você precisa fazer os cálculos.
Enquanto escrevo este texto, leio na tela ao lado que os juros ao consumidor batem novo recorde.
Nunca caia na armadilha do crédito fácil. Quanto mais fácil, mais vantajoso para o banco.
Por isso que você consegue fazer um cartão de crédito apenas atendendo a uma ligação. Já um crédito imobiliário com taxa de 8% ao ano, você só consegue fazer passando horas na agência.
Boa parte do lucro dos bancos (mais de R$ 60 bilhões no ano passado) vem dos juros que pagamos.
5. Não subestime o seu número mágico
Aqui na Empiricus, costumamos chamar aquele valor que sonhamos alcançar ao longo da vida para não precisar trabalhar mais de “número mágico”.
Muita gente faz esse exercício ao jogar na Mega-Sena, pensando que, se ganhar os milhões do prêmio, viverá apenas dos juros.
Até é possível dependendo do valor da bolada, mas você deve ter em mente que os juros que recebemos das nossas aplicações são infinitamente menores do que os quase 400% cobrados do seu cartão de crédito.
Por isso é importante que você não subestime o seu número mágico.
Já ouviu falar do caso da família Guinle?
Foi a família que construiu, entre outras coisas, o Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, e o Porto de Santos.
Um dos herdeiros da fortuna dos Guinle chegou a dizer que “o segredo do bem viver é morrer sem um centavo no bolso. Mas errei o cálculo e o dinheiro acabou antes da hora.”
Estima-se que Jorginho Guinle tenha torrado US$ 80 milhões ao longo da vida. Toda a herança que o pai, Carlos Guinle, havia lhe deixado.
Seu filho Gabriel se tornou agente penitenciário em Bangu 3 após ter dificuldades de pagar a própria faculdade. Nem de longe o seu modo de vida lembra a extravagância que fez parte do dia a dia de seu pai Jorginho.
É claro que essa história é um caso extremo de alguém que decidiu viver como um playboy durante a vida inteira…
Mas serve para ilustrar bem o que acontece quando o dinheiro acaba antes do esperado.
Eu sempre digo isso aos meus leitores: “você deve ter o suficiente para usar apenas os juros e nunca o próprio capital.”
Vamos dar um exemplo: digamos que, aos 60 anos de idade, você tenha R$ 2 milhões aplicados e queira parar de trabalhar.
Caso você invista de forma a conseguir 6% ao ano + inflação, você teria anualmente disponíveis R$ 120 mil + inflação. Ou seja, R$ 10 mil por mês.
Dessa forma, você sabe que não pode viver como um playboy e gastar mais de R$ 10 mil mensais. Caso contrário, o risco de o dinheiro acabar antes do esperado é grande.
De quebra, você deixaria para seus herdeiros os R$ 2 milhões corrigidos pela inflação.
6. Não troque de ativos toda hora
Tão importante quanto criar o hábito de poupar todo mês é investir esse dinheiro de forma inteligente.
Em períodos como os atuais, com a Selic batendo na casa dos 15%, a renda fixa facilita muito a nossa vida.
Mas lembre-se de que poupar e investir para a aposentadoria é um processo que dura décadas.
A farra dos títulos públicos com essas taxas não vai durar para sempre. E, quando acabar, você vai recorrer à Poupança?
Claro que não.
É fundamental que o poupador que busca uma aposentadoria milionária tenha sua carteira de investimentos diversificada e adequada para cada momento econômico.
Ter ações de boas empresas dá um excelente empurrão e faz os objetivos serem alcançados muito mais rápido.
Eu não sou adepto das práticas compulsivas de trocar de ativos ao sabor do vento.
Defendo que o investidor deve escolher muito bem o seu portfólio e manter a mesma estratégia por bastante tempo.
Se necessário, fazer pequenos ajustes no percurso.
Com a prática de trocar os ativos a toda hora, um investidor amador que não esteja bem assessorado tem grandes chances de cometer o maior dos pecados:
Comprar na alta e vender na baixa.
Uma série de fatores comportamentais colaboram para isso. Não vem ao caso explicá-los agora.
Mas o conselho que dou a você é: não troque de ativos toda hora.
Às vezes é muito doloroso passar por um período de turbulência e ver o ativo caindo na tela do computador sem fazer nada. Porém, no fim das contas vale muito a pena ser forte.
7. Não confie na aposentadoria pública
Não faltam exemplos que nos mostram que a situação do INSS vai piorar a cada ano.
Não confie o seu futuro a isso. Você pode ficar totalmente desamparado, pois o rombo da previdência compromete as contas públicas:
Basta você puxar na memória os inúmeros ajustes que são feitos a cada mandato presidencial. Sempre aparece um fator previdenciário, uma idade mínima ou uma nova fórmula de cálculo que dificulta o acesso de novos trabalhadores.
Mas os problemas da aposentadoria pública não se restringem ao acesso de novos aposentados.
Os que já fazem parte do INSS e recebem mais de um salário mínimo sentem na pele o que é ficar na mão de um sistema público deficitário.
Com uma projeção de inflação média de 5% e crescimento do PIB de 2%, até 2024 o teto do INSS será de apenas 5 salários mínimos.
Fonte: Folha de S. Paulo
Ou seja, em 20 anos, a diferença entre o máximo que o INSS paga a seus aposentados e o valor do salário mínimo foi reduzido à metade.
Há quem diga que, num futuro não tão distante, todos que são aposentados ou pensionistas do INSS estarão recebendo um salário mínimo. Não sei se chegaremos a isso, mas a diferença tende a ficar muito baixa.
E eu não quero que afete você. Então, não dependa do INSS.
8. Não pense que aposentadoria é coisa para idosos
É muito comum ouvirmos coisas do tipo:
“Achei o texto desta semana sobre aposentadoria muito interessante, até enviei para o meu pai.”
Nessas horas eu não sei se fico feliz com o elogio ou se choro por não termos conseguido passar uma das principais mensagens da série:
Aposentadoria é para hoje. É para você. Não é para seus pais ou avós.
Então não pense que a palavra “aposentadoria” é coisa de idoso. Se você está trabalhando ainda, aposentadoria é uma da palavras mais importantes.
Esteja você com 20 anos, 35 ou com 50 anos.
Já que estamos de acordo que o momento para agir é agora… o que você pode fazer?
Se puder, sugiro que tente aplicar o quanto antes as oito lições acima.
Acredite, elas fazem toda a diferença.
Roberto Altenhofen – Empiricus Research