Especialistas orientam como gerir melhor as empresas em 2021, ano que ainda terá um cenário de muitas incertezas com a pandemia do coronavírus.
A crise econômica causada pela pandemia do coronavírus fez 2020 ser um ano desafiador. Muitos pequenos negócios não resistiram, outros tiveram que ser transformados e mudar totalmente os planos para se adaptar à nova realidade.
A Covid-19 pegou todo mundo de surpresa e muitas empresas não estavam preparadas para lidar com uma crise dessa proporção. Quem conseguiu observar rapidamente os sinais de mercado se deu melhor.
Corte de gastos, renegociação de dívidas e digitalização da empresa foram ações fundamentais no ano que passou.
Agora, com um cenário ainda incerto para 2021, continua difícil conseguir eliminar todos os riscos, mas é possível minimizá-los. Confira as dicas dos especialistas.
Habilidades socioemocionais
“Os empreendedores que vêm se saindo melhor nessa crise são os que conseguiram cuidar também da saúde mental, da saúde do corpo. Quem fica imerso apenas na realidade da empresa pode perder a chance de olhar para algumas oportunidades que possam surgir”, diz Maria Fernanda Musa, diretora de aceleração de negócios da Endeavor.
Para Maria Fernanda, é preciso ter inteligência emocional para conseguir lidar com os problemas, principalmente nesse contexto de pandemia, onde muitas vezes as dificuldades pessoais se misturam com as profissionais.
Ter paciência, criatividade, autoconhecimento e capacidade de trabalhar sob pressão são características importantes para quem tem uma empresa. Em tempos de crise, essas habilidades fazem toda a diferença.
O autoconhecimento permite ao empresário conhecer melhor seus pontos fortes e também os fracos, de acordo com o consultor Adir Ribeiro, CEO da Praxis Business, empresa especializada em modelos de negócios.
“Conhecer nossas vulnerabilidades nos torna mais fortes e pode fortalecer o empreendedor”, diz o consultor.
No livro “A coragem de ser imperfeito”, a pesquisadora Brené Brown fala sobre essa vulnerabilidade a qual Ribeiro se refere. Ela diz: “Quando errar não é uma opção, não existe aprendizado, criatividade ou inovação”. E isso se aplica à vida no geral e também ao empreendedorismo.
Agilidade nas decisões
Para Maria Fernanda, em um momento de tanta incerteza, ficar parado é a pior coisa. Por isso, quanto mais rápido uma decisão for tomada, mais chance de ter um bom resultado. Ela indica como fazer isso:
- Achatar a hierarquia e empoderar o time para que ele ajude nessas decisões;
- Cortar processos e diminuir a burocracia;
- Investir na comunicação interna com os funcionários e reforçar as rotinas. O que antes era feito mensalmente, por exemplo, pode passar a ser semanal ou até diário.
“Em muitas empresas que tomaram essas medidas, as decisões que por burocracias ou processos levariam meses foram tomadas em semanas”, relata.
O Grupo Trigo, que controla redes de restaurantes no Brasil, foi um dos que agiu rápido para reverter a queda brusca nas vendas logo que a pandemia chegou. Eles já planejavam ser mais digitais, e isso estava mapeado para acontecer nos próprios pontos de venda. Mas tudo precisou ser acelerado. E foi isso que fez com que em três meses, eles chegassem a 92% das vendas anteriores à Covid-19.
Em uma das marcas da rede, em três semanas já havia vendas por telefone, uma plataforma de WhatsApp e um aplicativo próprio.
Gestão de relacionamento
A crise fez com que as empresas repensassem o relacionamento com os clientes. É preciso estar mais próximo ao consumidor e valorizá-lo.
“É hora de se aproximar ainda mais, demonstrar empatia e dizer que está ciente de que o mundo está passando por dificuldades. Isso faz você ser diferente”, afirma Ribeiro.
Essa atenção especial com quem consome o produto ou serviço traz muitos benefícios.
“Quanto mais uma empresa conhece seus clientes, mais ela conseguirá desenvolver melhores produtos e serviços para atendê-los. Parece óbvio, mas muitas vezes os empresários esquecem disso”, diz Enio Pinto, gerente da Unidade de Relacionamento com o Cliente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
“O feedback do consumidor retroalimenta até a criação de novos produtos”, afirma Maria Fernanda.
Adaptabilidade
A capacidade de se adaptar diante dos novos cenários criados pela pandemia é um dos fatores que pode fazer uma empresa sobreviver ou não à crise.
“É preciso se adequar rapidamente a esse novo contexto e ter a habilidade de olhar para as novas oportunidades. Isso é a chave de tudo”, diz Adir Riberito, da Praxis Business.
Ser mais flexível e resiliente permite uma facilidade maior para se adaptar às mudanças e isso faz muita diferença para o empreendedor que se vê diante de um cenário como esse.
“De toda crise saem muitas oportunidades, e os empreendedores que têm a coragem de se desafiar e ter resiliência para enfrentar um momento como esse saem muito mais fortalecidos”, afirma Maria Fernanda, da Endeavor.
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Gestão financeira
“A gestão financeira de uma empresa deve ser prioridade, principalmente em momentos de crise, e pode exigir um alto nível de controle do dono do negócio”, diz Enio Pinto, do Sebrae.
Em um cenário de incerteza, onde não se sabe quando teremos vacina para todos, ou quando teremos uma nova onda do vírus, é preciso ser ainda mais rigoroso com custos. Sempre fazendo uma análise de cenários.
“Tem que ter cautela. Não é porque tivemos algumas melhoras, que vai continuar assim”, alerta Maria Fernanda.
Fonte: g1.globo.com Por Fernanda Martinez