Antes de decidir se deve abrir uma franquia ou um negócio próprio, a pessoa precisa avaliar qual é o seu perfil de empreendedor.
Alguém ousado e criativo, provavelmente, terá dificuldade para se adaptar a regras engessadas da empresa franqueadora. Por outro lado, quem tem uma personalidade mais cautelosa encontra no sistema de franchising maior segurança para empreender.
O futuro empresário deve escolher, então, o que é mais importante para ele: ter liberdade ou enfrentar menos riscos. É a orientação do especialista em estratégia e empreendedorismo Guilherme Fowler, professor do Insper.
A franquia é um investimento menos arriscado que o voo solo porque oferece uma marca e um modelo de negócio já experimentados e aceitos pela clientela, diz Antonio Moreira Leite, vice-presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising).
Mas isso também permite à franqueadora interferir em uma série de aspectos, desde o prazo de abertura da unidade e até a escolha da localização. “Não existe fazer do seu jeito”, afirma Fowler.
Enquanto isso, quem inicia uma empresa do zero está livre para expressar sua criatividade e desenvolver produtos e tecnologias novos. Pode, ainda, mudar de estratégia sempre que perceber uma oportunidade ou quando algo não estiver dando certo. Mas, justamente pela novidade da empreitada, corre o risco de desaprovação pelos consumidores.
O professor do Insper usa o exemplo de uma hamburgueria artesanal: “Não é porque o brasileiro está comendo mais hambúrguer que ele vai gostar do seu. Numa lanchonete própria, você não tem comprovação disso porque seu produto ainda não foi testado”. Aprende-se na base da tentativa e erro.
Nada impede, porém, que uma solução nova conquiste o público e, com o tempo, acabe dando origem a uma rede. Ou seja, o dono do negócio independente pode se tornar um franqueador. Já no sistema de franquias, o empreendedor bem-sucedido só crescerá se adquirir outras unidades da marca.
Segundo estimativas do representante da ABF, a taxa de mortalidade entre franquias é de quatro a cinco vezes menor que entre empresas que atuam por conta própria. Mas essa segurança tem seu preço –pago enquanto o negócio durar.
Começa pela taxa de franquia, cobrada na assinatura do contrato a título de transferência de know how e permissão de uso da marca. Depois, o franqueado paga mensalmente outras duas taxas, a de royalties (que varia de 5% a 10% sobre o faturamento) e a de marketing (de 2% a 5%).
No negócio próprio, não existe nada disso. Mas o empresário também não se beneficia de um dos grandes diferenciais do sistema de franchising: a redução nos preços dos insumos. “Sempre há ganho de escala. Ou porque a marca negocia as condições com os fornecedores homologados, ou porque ela mesma fornece os itens, direta ou indiretamente”, explica Moreira Leite.
Há ainda a questão do crédito. Atuando de modo independente, o empreendedor terá de recorrer a um empréstimo pessoal ou a uma linha de crédito empresarial para obter dinheiro para montar o negócio ou implementar melhorias.
Já o franqueado usufrui de condições especiais de financiamento, segundo o vice-presidente da ABF. “Os bancos perceberam que é mais seguro emprestar para quem está no franchising. Por isso oferecem taxas de juros mais baixas e estão até criando áreas específicas para atendimento ao nosso setor.”
Na opinião dos consultores, antes de decidir, é fundamental estar ciente de dois aspectos: todo negócio tem risco e quanto mais informação, melhor.
É preciso pesquisar amplamente o setor de interesse, analisar a concorrência e, caso exista a intenção de investir em uma franquia, avaliar o histórico e os números da marca, além de conversar com alguns franqueados. (Cristiane Teixeira/FolhaPressSNG)
Fonte: Jb.com.br