Qualidade, valor agregado, valor percebido, imposições de mercado ou tudo isso junto? Quais são os critérios que se deve usar na hora de colocar preço em seu produto ou serviços?
Não, não é uma resposta fácil – mesmo para um consultor experiente como é o especialista de projetos da FNQ – Fundação Nacional da Qualidade – Francisco Teixeira. Vamos ver as suas observações.
Preço nem sempre é fator determinante da decisão de compra – A regra do menor preço pode valer para produtos com pouco valor agregado – commodities, como grãos de café, ou soja, por exemplo. Mas ainda assim, possíveis beneficiamentos, condições de pagamento, prazo de entrega ou atendimento, entre outros fatores, podem afetar a opção de compra por um ou outro fornecedor. No outro extremo, ficam os produtos de alto luxo como automóveis, barcos, aviões, determinados restaurantes, roupas ou bebidas, por exemplo, para os quais a decisão de compra pelos clientes leva em consideração outros aspectos como design, exclusividade, status, etc. No entanto, ainda para esses produtos normalmente existe concorrência, oferecendo produtos que também possuem tais atributos e que podem competir pela preferência do consumidor.
Qualidade pode e deve refletir em preço – Hoje não há mais espaço para amadores. Fazer ou não bem feito determina a imagem da empresa e sua marca, que podem cair em graça ou desgraça perante os consumidores. A maioria dos produtos fica entre esses extremos. Em todos os casos vale a lei da oferta e da procura, em que a maior disponibilidade de um produto normalmente leva a uma queda em seu preço. Mas a qualidade hoje pode criar uma margem de tolerância a diferenças de preço, em que o cliente aceite pagar percentuais às vezes bem altos a mais por um produto cuja qualidade ele já tenha comprovado. A sociedade, por outro lado, está cada vez mais intolerante com produtos que não atendam àquilo para o que foram previstos. Assim, há cada vez menos lugar para o “baratinho” que não cumpre mínimos de qualidade.
Teste a percepção de qualidade pela atribuição de preço – Assim, definir preços não é uma tarefa fácil e dar um receita para precificação, muito menos. No entanto, invariavelmente, deve-se considerar o que a concorrência já oferece, se já oferece produto ou serviço similar ao seu, a proposta de valor do produto que você oferece (diferenciais em relação à concorrência ou ao mercado), o que pode envolver aspectos como as matérias-primas utilizadas, a produtividade, a raridade, o grau de imitabilidade, entre outros fatores que afetam o custo final do produto, assim como aspectos ligados ao atendimento, condições de entrega, de pagamento. Por fim, é preciso avaliar e testar quanto seu excedente de qualidade pode se refletir em uma majoração de preço final. Aí, se você acredita nesse excedente, o próximo passo é testar, com prudência e com referências externas, até onde seu preço pode ir.
A dica é se estudar a forma como o mercado e/ou concorrência operam, avaliar as condições de produção, oferta e de venda, avaliar se a relação entre receitas e despesas é satisfatória. No entanto, vale lembrar que o mercado é dinâmico e, portanto, essa análise é um trabalho contínuo, pois os cenários mudam e ajustes de curso se fazem necessários de tempos em tempos.
Fonte: http://revistapegn.globo.com/Extreme-Makeover/noticia/2016/02/como-precificar-produtos-e-servicos.html