Saber de antemão algumas falhas comuns pode facilitar a jornada
Deixar de se planejar. Esquecer de averiguar se sua ideia é mesmo boa. Desconhecer quem é seu cliente. Não saber qual a melhor forma de vender. Fazer contratações ruins.
Esses são alguns “micos” comuns de quem ainda está começando a empreender . E tais falhas são ainda maiores durante a crise econômica: nela, muitos empreendem por necessidade, e não por se identificarem com as tarefas de um dono de negócio. Assim, ignoram o que é essencial para liderar uma empresa.
“Muitos continuam pensando como um funcionário, deixando de lado a visão mais ampla do empreendimento e o ato de delegar tarefas. Na correria da execução constante, o empreendedor não pensa no planejamento e comete erros básicos”, analisa Fabiano Nagamatsu, consultor do Sebrae/SP.
Porém, antes de se deprimir diante de suas falhas, lembre-se: todo mundo erra, todos os dias. “Nossa cultura corporativa e pessoal acha que errar é um pecado. Mas a grande falha do principiante não é errar, é não trabalhar em cima desse erro, não saber onde e por que ele está errando”, explica Luis Henrique Stockler, da consultoria ba}Stockler. “O que o empreendedor maduro faz é mensurar falhas, corrigi-las e aprender com elas.”
Mesmo se você ainda não tem uma empresa para cometer erros, é possível já desviar dos mais básicos: leia histórias de empreendedores e de seus negócios. Você aprende de forma indireta, com as falhas dos outros. “Não tem como aprender a nunca errar. Mas alguns erros específicos podem ser estudados, para que você não os cometa”, explica João Bonomo, professor de empreendedorismo do Ibmec/MG.
Por isso, listamos alguns “micos” que quase todos os empreendedores iniciantes cometem. Confira quais são e já os evite em seu próximo negócio:
1. Surfar na onda de negócios da moda
O primeiro grande mico cometido pelos empreendedores de primeira viagem é se basear apenas em setores que estão moda – ou, então, criar um empreendimento só por ouvir que amigos e vizinhos fizeram sucesso com algum tipo de empreendimento.
“Tem gente que acha que é só abrir o negócio e esperar o cliente chegar, mas não é assim”, afirma Nagamatsu, do Sebrae/SP. “Não saber nada sobre como será seu negócio e sobre quem será seu público-alvo mostra uma falta de posicionamento de marca. Elaborar um planejamento do negócio é o primeiro passo para aumentar suas chances de sucesso.”
2. Esperar demais da sua ideia
Alguns empreendedores são muito apaixonados por sua ideia – e isso é ótimo. Porém, é preciso estar atento para que sua paixão não acabe ocultando a realidade.
“Geralmente, o empreendedor é muito otimista com seu próprio negócio e ignora a elaboração de planos alternativos, em análises de o que fazer se o negócio der errado”, alerta Stockler. “É preciso se preparar para possíveis apertos financeiros. O negócio poderá enfrentar ao longo do tempo restrições orçamentárias por conta da situação econômica, da entrada de um novo concorrente e de resultados que não foram atingidos.”
Nagamatsu, do Sebrae, ressalta que essa expectativa exagerada pode até ter consequências emocionais. “Se o empreendedor anuncia uma ideia mirabolante, mas não consegue gerar resultados, tanto o consumidor quanto o próprio dono ficam insatisfeitos. Isso gera um efeito bola de neve: o empreendedor não se sente motivado quanto ao que oferece, e os resultados vão piorando.”
A única solução para combater uma esperança infundada e criar uma baseada em fatos é ser cauteloso e averiguar se a ideia de negócio pode mesmo gerar o resultado pretendido.
3. Estudar o mercado de forma rasa
O mico anterior nos leva a outra falha comum: não pesquisar o mercado e seu potencial de forma aprofundada. “Esse empreendedor baseia o potencial da empresa na opinião da família e dos amigos, e não procura dados mais factuais. Muitos afirmam que a pesquisa de mercado custa muito, mas irá sair ainda mais caro quando esse dono de negócio perceber que as vendas não são as esperadas”, alerta Stockler.
Para isso, vale a pena procurar informações das instituições do setor em que você pretende atuar ou de grandes órgãos, como o IBGE. Caso você não queira investir em tanta pesquisa por conta própria, considere modelos de negócios que já oferecem um conhecimento do setor e reduzem as chances de mortalidade, como as franquias.
4. Não refletir sobre qual será seu diferencial
Outro grande erro dos empreendedores iniciantes é abrir um negócio sem pensar no que de diferente sua empresa irá trazer ao consumidor. “Assim, você será só mais um em um mar de concorrência”, resume Nagamatsu.
Para descobrir qual o seu diferencial, o consultor recomenda fazer um benchmarking (uma comparação com empresas que atuam no mesmo setor que você). Analise as inovações que elas trazem no atendimento, na entrega, no preço ou no próprio produto ou serviço. Veja, por exemplo, o mapa de negócios do Sebrae/SP.
Muitos donos de negócios acham que a inovação é algo fora da realidade, mas é possível trazer novos ares sem nem mesmo investir dinheiro. Um atendimento mais personalizado, por exemplo, pode fazer toda a diferença.
5. Não acertar o timing de lançamento da sua ideia
Ser perfeccionista costuma ser uma qualidade bem vista. Porém, quando se fala do mundo das startups, esperar até ter tudo perfeito pode comprometer o seu negócio. “Muitos empreendedores acham que o negócio precisa ficar redondinho antes de lançar. Porém, em negócios mais inovadores, esperar muito para lançar a empresa pode significar sua ultrapassagem por outro concorrente”, explica Nagamatsu.
Por isso, o empreendedor precisa sempre ficar de olho no comportamento do concorrente – que pode dar sinais de lançamento; do fornecedor – que será essencial para suportar seu lançamento, e do consumidor – que pode manifestar uma grande demanda por sua ideia.
6. Deixar de calcular os riscos do seu empreendimento
Quando se fala em riscos, muitos empreendedores iniciantes pensam apenas nas startups. Porém, em tempos de crise econômica, até mesmo os negócios tradicionais podem falir. “Entrar em um mercado sem conhecê-lo pode acabar com qualquer tipo de empreendimento. Não adianta abrir um restaurante porque é um setor tradicional sem verificar a possibilidade de seu público-alvo optar por comer no próprio lar, por exemplo”, explica Nagamatsu, do Sebrae/SP.
“Ser empreendedor é correr riscos, mas preferencialmente um risco calculado. É por isso que fazemos um plano de negócios e analisamos o investimento necessário para obter o retorno que queremos.”
7. Ignorar como seus clientes querem ser abordados
Durante o planejamento do negócio, é preciso pensar na forma de você se relacionar com o consumidor, da divulgação até a distribuição.
Muitos empreendedores acreditam que a melhor forma de se relacionar com seus clientes é exclusivamente pelo meio digital. Mas o público-alvo do negócio pode não abraçar essa abordagem.
“O melhor seria conversar com os consumidores e procurar saber quais canais eles usam para encontrar seu negócio e como gostariam de receber os produtos ou serviços. Ou então visualizar um negócio semelhante e descobrir como os clientes dele se comportam”, aconselha Bonomo, do Ibmec/MG.
8. Deixar de pesquisar melhores formas de cobrança
Outro ponto que muitos empreendedores deixam de pesquisar é a melhor forma de cobrança. “Na hora de definir seu modelo de cobrança, vale conhecer os hábitos dos seus consumidores: qual a renda deles e como eles preferem pagar?”, indaga Bonomo, do Ibmec/MG.
Segundo o docente, de nada adiantar cobrar por algo que o seu público-alvo não tem como pagar. Ou só permitir pagamentos por cartão de crédito quando seus clientes não costumam tê-lo, por exemplo.
9. Só olhar para o currículo na hora de contratar
Errar na formação da sua equipe é um grande pecado. É por meio dela que sua ideia de negócio tomará forma e irá ser executada ao longo do tempo. Não adianta ter a melhor proposta de valor do mundo: sem equipe, ela não irá rodar.
O alinhamento entre chefe e equipe é fundamental nesse processo de tornar a empresa bem sucedida, afirma Bonomo, do Ibmec/MG. “Por isso, não analise somente no currículo de quem você quer contratar. Alie a formação com um resumo de quem a pessoa é, e verifique se vocês possuem as mesmas motivações. Se um de vocês priorizar o rendimento enquanto o outro prefere a realização pessoal, por exemplo, o negócio pode acabar por conta de desentendimentos.”
10. Esquecer da sua própria capacitação
Por fim, o último mico dos empreendedores de primeira viagem é deixar de aprender, seja sobre conceitos de gestão ou seu mercado de atuação.
“Esse comportamento pode ser resultado de um empreendedorismo de necessidade: o futuro dono de negócio resolve abrir uma empresa sem se preparar antes, diante do desemprego e da falta de reservas financeiras”, afirma Nagamatsu.
Buscar essa capacitação não requer investimentos financeiros. É possível aprender gratuitamente, por meio de cursos e vídeos gratuitos.
Fonte: Exame
Compartilhe nas redes!
Preencha o formulário abaixo para entrar em contato conosco!
Últimos Posts:
Categorias
Arquivos
Tags
Fique por dentro de tudo e não perca nada!
Preencha seu e-mail e receba na integra os próximos posts e conteúdos!
Compartilhe nas redes:
Posts Relacionados
Simon Sinek: o poder do “porquê” e a essência da liderança inspiradora
Simon Sinek, renomado autor e palestrante, enfatiza a importância de líderes e organizações iniciarem suas ações pelo “porquê”—seu propósito ou crença fundamental—antes de abordar o
4 erros cometidos no trabalho que são crimes e podem levar a prisão
No ambiente de trabalho, certos comportamentos podem configurar crimes e resultar em penalidades severas, incluindo prisão. Destacam-se quatro infrações comuns: Desvio de mercadorias da empresa:
6 dicas para ser efetivado no emprego temporário
O emprego temporário é uma excelente oportunidade para ingressar no mercado de trabalho e, possivelmente, conquistar uma posição permanente. Para aumentar suas chances de efetivação,
Registro de marca: Proteja seu negócio e garanta exclusividade no mercado
O registro de marca é fundamental para proteger a identidade e a exclusividade de um negócio no mercado. Muitos empresários acreditam que o registro na
STJ estabelece parâmetros para definição de vínculo em caso de terceirização ilícita
Em 22 de outubro de 2024, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) proferiu decisão no Recurso Especial nº 1.652.347/SC, estabelecendo parâmetros para identificar vínculos empregatícios