A tradição da empresa deve ser repensada ou não?
Escrito por Herbert Steinberg, especialista em empresas familiares
Conciliar inovação e tradição, encarar e neutralizar os conflitos, promover uma saudável transição de poder e liderança estão entre os principais dilemas de uma organização. Empresas que assumiram a tarefa árdua de promover as mudanças necessárias e aceitaram a missão de buscar a excelência, de certa forma, compartilham de algumas lições que servem de inspiração para quem pretende chegar lá.
Inspiração, sim, a palavra é essa. Porque cada organização terá de encarar seus problemas e seus atributos de valor e, a partir daí, identificar em que alicerces construirá o realinhamento de seus processos de gestão e seu plano de sucessão.
1. Equilíbrio entre a família e o negócio: os papéis são bem definidos, existem regras claras e transparentes, coesão interna e objetivos comuns.
2. Compromisso com a aspiração da empresa: prevalecem como características o empreendedorismo, o desenvolvimento de visão comum, a agilidade nas decisões e a formação de novas lideranças.
3. Desenvolvimento, sucessão, transição e motivação dos familiares: além de um plano de sucessão para acionistas e altos executivos, ter atenção permanente a todos os aspectos relacionados a essas questões.
Pressionadas pela globalização, a abertura de capital e a necessidade de se redesenhar muitas vezes como condição de sobreviver à nova realidade de mercado, muitas empresas familiares têm diluído o controle, mantendo uma concentração de participações dentro da família.
Descortinar esse universo implica alinhar relacionamentos, reforçar valores e resgatar o legado cultural de uma organização para encontrar um eixo que seja construtivo e que possa sedimentar as bases para processos importantes, como sucessão, gestão de riscos, definição de planos estratégicos.
Alinhar interesses e objetivos, vencendo o centrismo e superando os desejos individuais em detrimento do que é melhor para o negócio, é sempre um grande desafio nas empresas familiares. O que se busca, acima de tudo, é equilibrar o controle familiar com a gestão da empresa, permitindo que ela siga em frente e amplie suas chances de perenidade, sem, no entanto, deixar à margem sua tradição.
Herbert Steinberg é sócio da consultoria Mesa Corporate Governance.