— Percebemos que alguns não usufruíam de todos benefícios que oferecíamos. Então, a partir de julho, passamos a oferecer a eles a possibilidade de aproveitar melhor o que tinham direito. Ampliamos nosso leque de opções e permitimos que cada um compusesse seu pacote, podendo alterá-lo a cada seis meses — explica Evanir Aguiar dos Santos, diretor operacional da Fortus, de Porto Alegre.
Estratégias como essa, segundo o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Estado (ABRH-RS), Orian Kubaski, proporcionam maior qualidade de vida para o funcionário — pois ele poderá reduzir o tempo de deslocamento ao ir de carro ou ganhar auxílio para realizar atividades físicas, por exemplo —, além de proporcionar ao profissional a oportunidade de crescimento na carreira — ao subsidiar qualificações e viagens — e demonstrar o quanto a empresa está apostando no seu desenvolvimento.
— Planos de benefícios flexíveis também são ótimas ferramentas de retenção e atração de talentos. Esse rol, ainda, ajuda a definir melhor o plano de carreira, já que a pontuação depende do cargo e do salário. Assim, o profissional saberá quais serão as vantagens extras que terá ao subir de posto — destaca Kubaski.
A tarefa de incluir pacotes personalizados em negócios de pequeno e médio portes não é simples. Mas o esforço compensa, avalia Tais Saraiva, diretora de RH da Service IT Solutions. Há três anos, a empresa proporciona aos funcionários escolherem, dentro de critérios previamente definidos, as opções que contemplem o seu momento de vida, alinhados a suas necessidades e à condição familiar.
O programa, afirma a diretora, proporcionou uma melhoria na imagem da empresa e ampliou a conscientização do usuário sobre o valor dos benefícios que lhe são concedidos.
— Desde então, fizemos algumas pesquisas e tivemos um retorno positivo em relação ao programa. No último levantamento, 83% dos entrevistados afirmaram que o programa representa um diferencial na escolha e na permanência na empresa. É uma vitória, em se tratando de um mercado aquecido, composto basicamente de jovens dinâmicos da geração Y — salienta Tais.
Exemplos de flexibilização
Vanessa Sffair Delaix, 28 anos, contadora
Há dois anos trabalhando na Fortus, Vanessa recebia vale-refeição, vale-transporte e planos de saúde e odontológico. Quando teve a oportunidade, escolheu trocar o VT pelo incentivo à pós-graduação.
— Como o meu marido sempre me traz e me busca do trabalho, achei melhor empregar o benefício para subsidiar o meu curso. Com o que sobrou, consegui ainda aumentar o valor do vale-alimentação — diz a contadora.
Ana Carina Steffens Velleda, 34 anos, assistente do departamento pessoal
Estudante de Gestão de Recursos Humanos, Ana entrou no ano passado como estagiária na Fortus e foi efetivada em abril. Para ela, foi interessante baixar o desconto de vale-transporte e incluir o filho como dependente no plano odontológico.
— Temos a possibilidade de alterar o pacote a cada seis meses, e estou prevendo me formar no ano que vem. Por isso, penso em incluir o incentivo para estudo.
Mirella Soares Staudt, 23 anos, assistente contábil
Cursando o último ano de Ciências Contábeis, Mirella optou por melhorar o plano de saúde para uma modalidade mais completa e incluir o vale-combustível para abastecer a sua motocicleta.
— Antes eu descontava um valor fixo, agora varia de acordo com a quilometragem gasta e o valor da gasolina. Além de eu poder me programar melhor, algumas vezes sobra um bom valor no final do mês — comemora.
O que diz a lei
—Além de os direitos a férias, 13º salário, recolhimento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o vale-transporte é o único benefício previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), afirma o advogado Adriano Dutra da Silveira, do escritório Stifelman. Os demais são acertados nas convenções coletivas ou nos acordos coletivos entre empregadores e sindicatos.
Segundo o artigo 458 da CLT, a empresa pode fornecer benefícios para os empregados. Mas o advogado adverte que devem ser entregues em forma de utilidade:
— Se pagar o plano de saúde em dinheiro, corre o risco desse valor ser incorporado ao salário e depois o funcionário ir cobrar na Justiça pelo benefício já pago.
Fonte:zerohora.clicrbs.com.br
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