De departamento gerenciador da folha de pagamento e responsável pelas contratações e desligamentos, a área de Recursos Humanos (RH) passa hoje, na prática, por forte transição
De departamento gerenciador da folha de pagamento e responsável pelas contratações e desligamentos, a área de Recursos Humanos (RH) passa hoje, na prática, por forte transição. Tema de vários eventos e debates nos últimos anos, o setor agora começa a ser responsável pela organização e o desenvolvimento das lideranças corporativas, especialmente no momento em que a geração Z chega ao mercado.
Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional) Elaine Saad, o cenário de estabilidade no nível de emprego, a demanda de novos cargos sendo suprida e a inconsistência da Geração Z (nascidos a partir da década de 1990), que não costuma se preocupar com planos de carreira, fez com que setor tivesse de se reorganizar e procurar novas soluções para reter talentos.
“O RH está passando por uma grande transformação. A princípio tinha função de apoio e agora passou a ter a de estratégia”, disse a executiva, durante o 40º Congresso Nacional Sobre Gestão de Pessoas (Conarh 2014), realizado esta semana, em São Paulo.
Outro termômetro apurado durante o evento é que uma das soluções mais discutidas pelas empresas diz respeito ao investimento no bem-estar físico dos funcionários. Pensando nisso, a Alelo, que administra cartões-benefícios, anunciou novos produtos para seus clientes: o carrinho de alimentos saudáveis e a máquina de sucos naturais. As empresas parceiras podem adquirir e oferecer a seus funcionários uma alimentação mais adequada.
Os serviços fazem parte do Programa de Educação Alimentar da Alelo. “O engajamento vem quando você se sente bem com o que está fazendo. Por isso, oferecer um ambiente de bem-estar é essencial para reter novos talentos. O problema é quando a temática é muito tratada, mas pouco executada”, afirma Ellen Muneratti, diretora Comercial, Marketing e Produtos Alelo.
De acordo com ela, a Geração Z não procura apenas resultados, mas ideais. E a flexibilidade e a qualidade de vida fazem parte dos novos propósitos deste grupo etário. A diretora afirma que os funcionários que adotam uma alimentação melhor e praticam atividades físicas regularmente conseguem trabalhar melhor. “Com mais disposição aumenta a produtividade”, conclui.
Outra empresa que aposta em produtos de saúde é a Garmin, líder de vendas de produtos fitness. A companhia acabou de desenvolver soluções corporativas em fitness para programas de bem-estar. Os monitores Vivokí e as pulseiras Vivofit ajudam os clientes a controlar o batimento cardíaco, intensidade do sono e número de passos dados pelos funcionários ao longo do dia. Isso permite a análise do impacto das atividades rotineiras na saúde.
Para o gerente geral da Garmin, Eduardo Cortez, investir em saúde ajuda na redução de custos da empresa, além de diminuir o número de faltas ao trabalho. Mas não basta incluir uma série de atividades. A monitoração de cada indivíduo é chave para o resultado. “Muitas empresas realizam atividades como a ginástica laboral, mas não conseguem medir os resultados. É necessário que a área de Recursos Humanos consiga atualizar seus produtos tradicionais para aproveitar melhor os resultados e atingir objetivos de forma mais rápida”, disse Cortez.
Tendência para PME´s
Contratar produtos e soluções tecnológicas ajudam os setores de recursos humanos a manter seus funcionários motivados, mas no caso de micro e pequenas empresas o custo acaba sendo um empecilho. Para superar esta dificuldade a Diretora de Educação Corporativa da Leme Consultoria, Marcia Vespa, alerta que se a empresa não tiver uma equipe que consiga abranger todos os funcionários e lideranças deve procurar fornecedores que possam ajudar nessas atividades.
“Mesmo sem recursos é possível realizar atividades que motivem essa nova geração de trabalhadores, como permitir que contribuam intelectualmente e convivam em um ambiente agradável. Eles precisam é que o trabalho seja uma fonte de prazer”, explica.
Segundo ela, a retenção de talentos é cada vez mais um problema que as companhias irão enfrentar. “Não importa o tamanho da empresa se ela não cuidar do funcionário. O RH deve ser um multiplicador de conhecimento e ir além de benefícios”.
O vice-presidente da Global Saúde, Haroldo Fávero Maranhão, afirma que na hora de escolher benefícios as empresas devem optar pelos que consigam se moldar às suas necessidades. “Aqui na empresa nós desenvolvemos o produto de acordo com a realidade de cada cliente. Surgimos com o intuito de suprir a carência que algumas empresas tinham na hora de fornecer benefícios em medicamentos. Afinal, vemos que já não basta fazer um investimento para os funcionários. Com o tempo, é necessário que as soluções sejam cada vez mais atualizadas, justamente visando conseguir custo e benefício”, ressaltou Maranhão.
Estratégia visual
Como estratégia para atrair a Geração Z, cada vez mais conhecida pela falta de concentração e comprometimento, por terem nascido em uma época em que os recursos multimídias estão cada vez mais avançados e presentes, as empresas perceberam a necessidade de criar novas estratégias baseadas no uso de games. A “gameficação” é atividade que permite oferecer aos funcionários benefícios com pontuação de jogos, o que tem sido utilizado para motivar e suprir a necessidade tecnológica desta geração.
Pensando nisso, o banco Citi abriu pela primeira vez uma seleção de trainees com esta proposta. Os candidatos deverão participar da etapa World Citi, um ambiente virtual interativo que terá como função avaliar os conhecimentos e o comportamento dos participantes. O jogo on-line deverá oferecer também informações sobre a organização.
Por Vivian Ito
Fonte: DCI-SP
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