Os conceitos de Markup e Margem de Lucro são muito importantes para qualquer empresa, e dominar tais conceitos pode ser um importante diferencial para contadores que pretendam atuar de forma consultiva e mais participativa na gestão dos seus clientes, contribuindo de forma decisiva para o seu sucesso empresarial.
Por isso é importante saber exatamente a diferença entre esses conceitos tão comumente confundidos até mesmo por “gurus” e empresas que se dizem especializadas em finanças, gestão e contabilidade (pretendendo até substituir o contador por 50 reais e uma bananada), mas confundem conceitos tão elementares e fundamentais para o empreendedor.
Ora, a diferença entre os conceitos é simples: o markup é uma função do custo enquanto a margem de lucro é uma função do preço. De forma breve e objetiva pode-se entender Markup como um índice ou percentual multiplicador aplicado sobre o preço de custo de um produto ou serviço, geralmente para determinar o seu preço de venda, e Margem de Lucro como um percentual (ou índice) encontrado a partir do preço de venda de um produto ou serviço, representa percentualmente a parcela do preço de venda correspondente ao lucro da operação (por isso é função do preço, tem o preço como ponto de partida e nunca o custo).
Note agora a diferença prática entre os conceitos: se um produto custa R$ 5,00 e é vendido a R$ 7,50 o seu markup é de 50%, enquanto a margem de lucro é de apenas 33,33%, note que há uma diferença de quase 17% entre o markup e a margem de lucro, é uma diferença matematicamente substancial!
Esta confusão é primária e pode levar o empreendedor a erro em inúmeras situações, desde a formação de preços até mesmo a escolher um regime tributário mais oneroso.
Imagine, por exemplo, que numa negociação o fornecedor informe que o produto dele oferece uma margem de 20% e custe R$ 65,00. Caso a empresa adquira esses produtos e, numa confusão entre os conceitos de markup e margem, o empreendedor aplique os 20% como markup, venderá o produto por R$ 78,00 e com isso irá obter um lucro de R$ 13,00, que representa uma margem de apenas 16,67%. Caso o empreendedor dominasse corretamente os conceitos aplicaria um markup de 25% para alcançar a margem de 20% indicada pelo fornecedor, passando a praticar o preço de venda de R$ 81,25 e obtendo o lucro de R$ 16,25. Embora nesse exemplo a diferença possa parecer pequena, vale lembrar que em diversos segmentos a margem de lucro é inferior a 8% e um erro na margem de 3,33% poderia ser fatal para essas empresas.
Em tempo, aqui optamos por desconsiderar os tributos incidentes na operação e os demais custos envolvidos por uma opção didática, para facilitar o entendimento do leitor.
Veja agora este outro exemplo: caso uma empresa tenha um custo de serviços de R$ 400.000,00 e um markup de 35%, neste caso irá obter uma receita de R$ 540.000,00 e terá uma Margem de Lucro de aproximadamente 25,93%. Assim, caso o empreendedor e ou sua assessoria confundam o conceito de markup com margem de lucro, poderá optar pelo Lucro Presumido, quando na verdade o regime tributário mais adequado seria, em tese, o Lucro Real.
Por fim, veja agora este exemplo real, retirado de um treinamento financeiro de uma grande empresa de cosméticos que atua no modelo de marketing multinível, ao apresentar os ganhos e a “margem de lucro” que o “empreendedor multinível” pode obter:
% Desconto |
R$ Produtos (Preço de Venda) |
R$ Desconto = Lucro |
R$ Custo = R$ Produtos – R$ Desconto |
% Lucro = R$ Desconto / R$ Custo |
40 |
2.340 |
936 |
1.404 |
66,67 |
Neste caso, perceba como a empresa confunde os conceitos, o que ela chama de “% Lucro”, na verdade, por definição, é o Markup (índice ou percentual multiplicador que se aplicado ao preço de custo irá corresponder ao preço de venda); e o que chama de “% Desconto” é, na verdade, a Margem de Lucro (percentual que representa a parcela do preço de venda correspondente ao lucro).
Embora não se possa afirmar que tenha sido essa a intenção do treinamento, perceba que a troca dos conceitos nesse caso pode ser utilizada, inclusive, para maquiar as informações e fazer o negócio parecer melhor do que de fato é. Portanto, fica aqui mais um exemplo que retrata a importância do empreendedor conhecer esses conceitos.
Enfim, poderíamos apresentar aqui mais dezenas de outros exemplos de problemas que a confusão destes conceitos pode causar para o empreendedor e é realmente lamentável que alguns daqueles que se apresentam como “gurus” e até algumas empresas que se auto intitulam “especialistas” propaguem estes conceitos de forma errada na internet, mas acreditamos que os exemplos e os conceitos apresentados de forma sucinta sejam suficientes para demonstrar de forma objetiva a principal diferença entre os conceitos.
Fonte: Contábeis