Conhecer o mercado, em geral, é tarefa do pai, cabendo aos herdeiros a tarefa de trazer a inovação
Duas gerações e duas experiências. Pais e filhos trazem visões para os negócios da empresa de acordo com suas vivências para potencializar o empreendedorismo, como no caso de Antônio Holanda, que administra há 21 anos a empresa de serviços e peças gerais para automóveis Encruzilhada Pneus, hoje divida a tarefa com junto os filhos Rafael e Lucas Apolinário. Histórias de convivência em casa e nos negócios, como a de seu Antônio, Rafael e Lucas, são mais comuns do que se imagina.
Quando ainda tinha 17 anos, Rafael começou a frequentar a empresa da família e ajudar seu pai. Pouco tempo depois foi a vez de Lucas sentir vontade de fazer o mesmo. Com a chegada dos filhos, muitas conquistas foram atingidas. “Meus filhos modernizaram muita coisa, trouxeram a informática, aumentaram a loja. Eu tenho a experiência e eles a inovação”, contou Holanda.
Uma das conquistas importante para a família foi a abertura de uma filial da empresa, em fevereiros deste ano, possível após a presença dos filhos. “Rafael administra comercialmente a nova loja e eu, meu pai e minha mãe ficamos na matriz, na administração financeira e comercial”, disse Lucas, acrescentando que eles complementaram serviços na empresa, sugerindo sempre ideias novas.
“O tempo vai passando e as coisas evoluindo e meu pai não consegue acompanhar. Então, não é tão fácil ele aceitar nossas propostas 100%, é uma questão de gerações, mas sempre conversamos e chegamos a um resultado final positivo”, pontuou Lucas.
De acordo com o consultor de empresas e coordenador do Centro de Desenvolvimento Empresarial (Cedepe), Paulo Magalhães, duas gerações no negócio podem trazer pontos assertivos para a empresa. “Os pais conhecem muito do mercado, as indústrias para seu negócio, os canais de compra e venda, eles têm a experiência. E os filhos são antenados à modificação constante dos meios de comunicação e oferecem novos canais de distribuição”, explicou Magalhães, que destacou a importância de se ter um equilíbrio no empreendimento.
Com visões de negócio diferentes, os portugueses Jaime Alves e seu filho Marco gerem o Restaurante Tribuna dos Sabores Ibéricos, em Olinda. Há quatro anos com o estabelecimento, Jaime participa de todas as etapas operacionais. “Realizo as compras, administro financeiramente e faço atendimento. O meu filho me ajuda na gestão, também na cozinha e traz ideias novas. Mas eu prezo mais pela experiência, pois trabalhei muito tempo em um restaurante na França, e ele pensa uma administração mais moderna, com formas diferentes de divulgação”, contou Jaime.
Segundo Marco, as duas percepções são importantes para debater e chegar a um consenso. “Meu entendimento é mais de gestor e do meu pai é mais emocional. Algumas ideias ele adere, mas no final ele quem bate o martelo”, brincou Marco, que desde jovem foi habituado a frequentar e auxiliar seu pai no restaurante francês.
Assim como Marco, que acompanhava seu pai, Raffael e Thiago Silva frequentavam desde pequenos a pet shop Vegetal Agropecuária do pai Josinaldo José para ajudar no atendimento aos clientes e passar o troco das compras. Hoje, Raffael administra a área financeira da pet shop e Thiago abriu sua própria loja. “Trabalhar com meus filhos é ter alguém que te ama por perto e que é muito amado por você. Além de que, é bonito vê-los crescendo e aprendendo o nosso ramo de atividade, com a confiança de que na minha ausência saberão dar continuidade à empresa”, alegrou-se Josinaldo.
Para Raffael, ter o contato com o pai diariamente no negócio é poder lançar ideias competitivas e inovadoras. “Ele sempre está disposto a me ouvir e respeitar minha opinião, mesmo que ele não concorde com algo”, divertiu-se.
Via: Folha de Pernambuco