O Brasil tem 4 milhões de MEIs (Microempreendedores Individuais) em situação de inadimplência, segundo dados da Receita Federal. Nesta reportagem, o Poder Empreendedor traz 10 dicas de especialistas sobre como evitar ou se livrar do endividamento em 2024.
1 – SAIBA A ORIGEM DO DÉBITO
Uma vez com dívidas, o empreendedor deve saber de onde vem o débito. Pode ter origem em empréstimos a bancos, consignados do governo, com um fornecedor ou simplesmente uma conta que não foi paga.
Ao conhecer a origem do endividamento, é possível se organizar melhor e saber qual conta merece um pagamento prioritário e quais possuem maior possibilidade de renegociação em uma eventual situação de necessidade.
Além disso, algumas dívidas podem ter um peso maior do que outras. Irregularidades com a Receita Federal podem levar o MEI a perder alguns benefícios, como os direitos à aposentadoria.
Esse é um passo importante para não deixar uma dívida virar inadimplência. A diferença entre os 2 termos é a seguinte:
- cidadão endividado – aquele com dívida em aberto com alguma instituição ou com alguém;
- cidadão inadimplente – quem não pagou a dívida no tempo correto com ultrapassagem da data de vencimento.
2 – COLOQUE AS CONTAS NO PAPEL
Weniston Abreu, coordenador de orientação e educação financeira do Sebrae, afirma que o empreendedor precisa ter noção do seu fluxo de caixa (quanto dinheiro entra e sai da companhia).
É possível utilizar os dados para rever despesas desnecessárias da companhia.
“O planejamento financeiro serve para que o empresário tome decisões mais conscientes e mais acertadas do ponto de vista do endividamento dele”, declarou Weniston.
3 – PEGUE CRÉDITO COMO PJ
Como o Poder Empreendedor mostrou nesta reportagem, as taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras geralmente são menores que na conta pessoal.
Weniston diz que pequenos empreendedores tendem a fazer empréstimos na conta pessoal e acabam pagando mais no final. Segundo ele, é um “erro que pode custar muito”.
Alguns bancos não oferecem empréstimos a empresas. Nesse caso, é necessário fazer uma longa busca até achar a proposta com as melhores alíquotas.
“O mais recomendável é que o empreendedor tenha a sua conta da pessoa jurídica”, declarou.
4 – EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Em entrevistas anteriores ao Poder Empreendedor, especialistas destacaram a importância de aprender as técnicas corretas para gerenciar finanças e negócios.
“Educação financeira, é fundamental. Independente de pandemia, de qualquer que seja o cenário. É importante para a vida”, afirmou Thiago Ramos, coordenador de análise digital da Serasa,
Thiago diz que a maioria dos brasileiros não tem contato com o tema quando estão no período escolar. Por isso, tem que aprender sobre finanças na prática quando abrem uma empresa.
A Serasa Experian e o Sebrae oferecem cursos gratuitos para organizar melhor o dinheiro e evitar endividamento. Há uma diversidade de temas, desde captação de recursos até a definição de preços para um produto.
Para acessar as aulas, basta acessar os seguintes links:
As instituições têm a iniciativa conjunta Aprenda, que traz dicas e orientações para lidar com dinheiro, organizar gastos e muito mais.
No caso do Sebrae, há outros temas para os cursos que vão além das finanças. Falam de marketing digital, legislação e até mesmo sobre habilidades de empreendedor.
5 – SE PUDER, NÃO PEGUE EMPRÉSTIMOS
Weniston Abreu recomenda que o empreendedor abra sua empresa com recursos próprios, se possível. Ele fala ainda em pegar dinheiro emprestado com pessoas próximas, como familiares.
“É sempre muito ruim começar um negócio com empréstimo”, declarou. Para ele, a inadimplência começa quando uma companhia começa sem ter dinheiro arcar com os seus custos.
No caso específico de startups (empresas com propostas inovadoras), há a possibilidade de captação de dinheiro por meio de investidores anjos. Entenda mais neste texto.
Caso não haja outra opção para o financiamento de um negócio, o Sebrae disponibiliza o serviço Crédito Orientado e Assistido. Lá, o empreendedor encontra dicas para empréstimos de forma correta.
6 – VÁ ATRÁS DA RENEGOCIAÇÃO
Em situação de endividamento, renegociar o débito pode aliviar o peso de tantos juros por atrasos de pagamento.
Programas do governo entraram em vigor ao longo de 2023 para essa modalidade, como o Desenrola Brasil (para pessoas físicas) e o Litígio Zero (de débitos relacionados à Receita Federal).
Para 2024, há expectativa para a criação de um Desenrola para pessoas jurídicas. O ministro Márcio França (Empreendedorismo) espera que a iniciativa atinja 7 milhões de MEIs.
No setor privado, há várias opções de programas a depender da natureza da dívida. No site da Serasa, é possível descobrir se a pessoa tem alguma situação de inadimplência e as possibilidades de renegociação.
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