Com a chegada de um novo ano, os sonhos que não saíram do papel no passado, ressurgem. E abrir o próprio negócio está na lista de vários brasileiros. Em 2024, a partir da construção de um plano de negócios e de investimentos em capacitação, o objetivo pode ser atingido.
De acordo com o economista e professor da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco (FCAP) da Universidade de Pernambuco (UPE), Sandro Prado, o primeiro passo é preparar um plano de negócios.
“O empreendedor vai planejar o que vai abrir, transformar isso num plano e colocar de forma esmiuçada todas as estratégias de marketing que vai utilizar, todo o seu plano financeiro de quanto vai gastar, e todos os fornecedores”, destacou.
O plano de negócios, ressaltou Sandro, nada mais é do que pensar o seu negócio antes de abri-lo e colocar no papel os detalhes para que sejam analisados os pontos fortes e fracos do empreendimento.
Ele destacou, também, que apesar da redução significativa do número de desempregados em 2023, existe uma grande parcela da população que está sem trabalho e que busca empreender por necessidade.
Segundo o analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Pernambuco (Sebrae-PE), Senyr Arruda, para abrir um empreendimento, é importante observar a sazonalidade do mercado.
“Isso quer dizer que existem produtos e serviços que têm vendas intensificadas no início de ano ou conforme datas comemorativas (dia das mães, mês das noivas e assim por diante). Então, o empreendedor deve ficar atento a essa sazonalidade e observar o comportamento de seu consumidor para abrir o negócio de forma estratégica, na época do ano certa e com o planejamento mais assertivo possível”, disse.
Para capacitar o pequeno negócio, o Sebrae disponibiliza uma série de cursos, palestras e oficinas, além de consultorias personalizadas subsidiadas. “O empreendedor que se capacita, realiza consultorias e reestrutura o negócio apresenta mais chances de ter um negócio saudável e lucrativo”, acrescentou.
Realização de um sonho
A empreendedora e psicóloga, Yane Merik, viu seu sonho se tornar realidade ao abrir a loja de roupas Merik, no bairro de Cajueiro Seco, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Além das vendas presenciais, o estabelecimento também atende via instagram e WhatsApp.
Inaugurado em setembro de 2023, o local comercializa blusas, saias, calças e vestidos voltados, principalmente, para o público evangélico. O foco da loja é no segmento “moda modesta”, estilo que valoriza peças que cobrem o corpo e são mais compostas.
Segundo Yane, o planejamento para a abertura da loja começou em junho do ano passado. “Em 2023 a gente realmente bateu o martelo e disse ‘vamos abrir a loja’. Eu trabalhava antes em outras empresas, porque eu sou psicóloga de formação e trabalhava em RH. Terminei uma pós-graduação esse ano para atender também na área clínica, mas o sonho daqui da loja sempre foi muito gritante em mim”, comentou.
Em 2024, Yane pretende expandir as vendas on-line e fazer outros cursos voltados à área de empreendedorismo, inclusive no Sebrae.
Afroempreendedorismo
Empreender por si só já é uma tarefa desafiadora, mas essa dificuldade aumenta quando questões relacionadas à raça entram em jogo. Gênesis Sulane, 41 anos, é a proprietária do Leer Afro Salon, um salão de beleza especializado em cabelos crespos e cacheados no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife.
Ela contou que enxergou no empreendedorismo uma oportunidade para promover o empoderamento e a representatividade afro, especialmente para o seu público majoritário composto por mulheres com cabelos com curvaturas.
Apesar de ter se tornado uma empresária bem sucedida, Gênesis expõe as barreiras que um empreendedor negro ainda precisa passar, sobretudo no mercado da beleza.
“Enquanto mulher negra, identifico que ainda são muitos os desafios para uma empreendedora negra. Primeiro, as referências de mulheres negras com salão de beleza em destaque são poucos. Segundo, o mundo. Dentro do mercado da beleza ainda temos muitos o que evoluir, pois ainda não abrange as necessidades das mulheres negras, quando pensamos em um histórico de um padrão que ainda não foi quebrado totalmente”, finalizou.
Capital para começar
Em muitos casos, problemas financeiros impossibilitam a realização do sonho de abrir o próprio negócio. Com isso, instituições financeiras realizam empréstimos de capital de giro e pessoal para aqueles que pretendem abrir ou ampliar o empreendimento.
E a partir do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), o Banco do Nordeste (BNB) financia a implantação de novos negócios.
O FNE atende os setores de comércio, serviço, indústria, turismo e rural. “Você pode colocar um pequeno comércio, uma lanchonete, um restaurante, consultório odontológico, serviço de imagem, questões relacionadas ao meio rural, ou pousada. Todas as atividades desses segmentos de comércio, indústria, serviços, e setor rural, são passíveis de financiamento”, afirmou o superintendente do BNB em Pernambuco, Pedro Ermírio.
Ainda segundo Pedro Ermírio, as linhas do FNE permitem um prazo de até 4 anos de carência, dependendo da curva de maturidade do faturamento. O BNB possui 40 agências em todo o Estado de Pernambuco para atender aos clientes. Além disso, no site da instituição, uma série de informações são disponibilizadas. A partir do meio digital, o cliente pode abrir o cadastro.
O superintendente ressaltou que o BNB também operacionaliza o maior programa de microcrédito orientado do País, o Crediamigo, que possui postos específicos de atendimento. “Se a gente estiver falando de empreendedores informais, pequenos negócios em que a pessoa não constituiu sua empresa, o Banco do Nordeste operacionaliza o Crediamigo”, acrescentou.