Há, no entanto, quem ache que essa presença, que esse conforto, que essa figura com quem trocar e com quem dividir, simplesmente não vale a pena. São os caras que decidem ir sozinhos, e se lançam na aventura do empresariado cuidando apenas do próprio nariz, sem ter ninguém do lado. Consideram que ter sócio é um peso, um atrapalho, um problema a mais. Na paralela, há também aqueles que, mesmo com sócios, se veem muitas vezes sozinhos. Miseravelmente solitários. Ou porque os sócios já não aportam mais nada. Ou porque os sócios já não se entendem e a única coisa que passam a dividir é desconfiança, amargura e ressentimento. O conforto vira urticária, a solidariedade vira rancor e o apoio vira traição. Todos perdem – a começar pelo negócio em si.
Assim como o cavaleiro solitário, o cara que atua sozinho, esse empreendedor que se encontra na situação de acordar um dia pela manhã dormindo com o inimigo (às vezes mais de um), precisa desenvolver a capacidade de se bastar. Se é bom ter alguém, poder contar com alguém, não se pode depender disso para ir adiante. Às vezes, como Onan, temos que nos bastar, temos que nos resolver sozinhos. É preciso conviver bem com a certeza de que no fundo só podemos contar incondicionalmente e confiar cegamente em nós mesmos. Precisamos encontrar recursos em nós próprios que nos permitam continuar navegando no rumo certo, com ou sem ajuda alheia. Especialmente naqueles períodos de baixa, de turbulência, de horizonte enuviado. Quando você desenvolve esse grau de autoconfiança e de autossuficiência, tudo fica mais claro e mais justo. Seja continuar remando na Nau dos Insensatos, seja a perspectiva de recomeçar em carreira solo, seja a hipótese de terminar um relacionamento e começar outro.
Fonte: Revista Incorporativa
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