O Brasil parece estar na contramão da maioria dos países quando o assunto é regime de tributação de empresas multinacionais. É um dos poucos no mundo a tributar lucros auferidos no exterior, independente de serem distribuídos ou não.
A situação já foi melhor no passado, com a adoção de sistemas diferenciados. De 1999 a 2001, por exemplo, o lucro das coligadas ou controladas era sujeito à tributação somente quando realizado, ou seja, distribuído. No México, a isenção é total, com algumas condições. Lá, os lucros são livres de imposto quando as empresas estão localizadas em países que não sejam considerados paraísos fiscais.
O tema é recente, domina o mundo jurídico e foi debatido ontem durante reunião do Conselho de Altos Estudos de Finanças e Tributação (Caeft), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “Há uma tendência pela retomada da adoção da tributação com base territorial, como era no passado”, resumiu o professor e pesquisador do Núcleo de Estudos Fiscais da Faculdade de Direito da GV, Isaías Coelho.
Polvorosa
Num breve passeio pelos regimes de tributação usados no mundo, o professor explicou que o assunto está em ebulição nos Estados Unidos, que tributam a renda ativa na distribuição e a renda passiva (proveniente de rendimentos financeiros) de forma imediata. Para fugir da tributação, algumas empresas norte-americanas têm adotado como estratégia uma fórmula inusitada, transformando matrizes em filiais e vice-versa. “O fisco está em polvorosa e possivelmente haverá uma mudança da legislação para tornar menos interessante essa estratégia”, informou.
De acordo com o professor, na Rússia há isenção para as subsidiárias quando a controlada é empresa russa e estiver localizada em países que não sejam considerados paraísos fiscais e se o volume de investimentos for grande.
Na opinião do coordenador do Caeft, o tributarista Luís Eduardo Schoueri, o modelo brasileiro é ainda mais prejudicial à competitividade das empresas que o norte-americano, à medida que tributa lucro antes mesmo da distribuição. Para ele, já era grave tributar as subsidiárias no exterior. Com o sistema atual que veio na esteira da Lei 12.973, de maio deste ano, a situação piorou muito. “O Brasil exporta carga tributária, ao contrário do resto do mundo”, resume Schoueri.
Sobre a estratégia das empresas norte-americanas para escapar da tributação, o advogado explica que essa alteração (matriz em filial, e vice-versa) não afeta os negócios e não muda nada para os acionistas. A questão central no momento é saber se os americanos terão coragem de adotar a tributação com base territorial, como a usada no Reino Unido e na Suíça. Nesse sistema, a isenção é total. São tributados somente os lucros auferidos no próprio país.
Para Schoueri – que participou da reunião ao lado do vice-presidente da Associação Comercial Roberto Mateus Ordine –, o debate a ser enfrentando é saber se queremos ou não ter multinacionais brasileiras. “Do jeito que está, estamos desestimulando a formação de empresas brasileiras”, concluiu.
O ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel também participou do evento.
Compartilhe nas redes!
Preencha o formulário abaixo para entrar em contato conosco!
Últimos Posts:
Categorias
Arquivos
Tags
2018
administração
aposentadoria
CLT
CNPJ
COFINS
contabilidade
COVID-19
CPF
e-social
Empreendedorismo
empresa
Empresas
Esocial
Federais
fgts
Fisco
ICMS
imposto de renda
Impostos
inss
IR
IRPF
Iss
ITCMD
Legislação trabalhista
LIDERANÇA
mei
Pequenas Empresas
PERT
PIS
PIX
Planejamento sucessório
produtividade
Receita
Receita Federal
refis
Reforma trabalhista
ReformaTributária
Reforma Tributária
Simples Nacional
STF
Terceirização
trabalhista
tributação
Fique por dentro de tudo e não perca nada!
Preencha seu e-mail e receba na integra os próximos posts e conteúdos!
Compartilhe nas redes:
Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn
Veja também
Posts Relacionados
Impactos da Portaria do MTE 547/2025 no dia a dia das empresas
Portaria MTE 547/2025: Novas Regras para Comprovação de Cotas de Inclusão nas Empresas Em 11 de abril de 2025, o Ministério do Trabalho e Emprego
Nota Fiscal Eletrônica começa a mudar por causa da Reforma Tributária
Nota Fiscal Eletrônica Passa por Alterações com a Reforma Tributária: O Que Sua Empresa Precisa Saber A Receita Federal publicou a Nota Técnica NFe 2025.002.v.1.01,
Nota Fiscal Eletrônica começa a mudar por causa da Reforma Tributária
Novo Sistema de Arrecadação da Reforma Tributária Entra em Fase de Testes em Junho A partir de junho de 2025, cerca de 500 empresas brasileiras
Os sinais de alerta de ‘burnout’ que você não deve ignorar
Burnout: Sinais de Alerta que Empresas e Profissionais Devem Observar A síndrome de burnout, reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como resultado de estresse
NFe e NFC-e mudam a partir do dia 03 de novembro. Entenda as mudanças
Mudanças na Emissão de NF-e e NFC-e a Partir de 3 de Novembro de 2025: O Que Sua Empresa Precisa Saber A partir de 3