Camila Abud
São Paulo – Reconhecimento pelo trabalho benfeito é uma arma poderosa para reter talentos. Entre pequenas e médias empresas, algumas experiências têm dado certo para conter esse problema. Programas de critérios de meritocracia e entrosamento de equipes têm sido as armas.
Especialista em sistemas de gestão (ERP), a BetaLabs, no mercado há cerca de quatro anos, tem um modelo de gestão agressivo e meritocrático. Com a previsão de dobrar o faturamento este ano e atingir R$ 4 milhões, a companhia conta com 32 colaboradores e atua com plataformas para o e-commerce e sistema empresarial baseados em cloud computing (em nuvem).
Conforme o sócio fundador da BetaLabs, Luan Gabelini, a ideia da meritocracia veio do mercado financeiro. Para ele, como gente produtiva é um ativo difícil de ser encontrado, é preciso ter ideias criativas. “É mais fácil conseguir dinheiro de investidor do que alguém capacitado para trabalhar. Para contratar um estagiário, nós tínhamos de entrevistar até sete pessoas, e geralmente de cada três contratados, apenas um ficava. No modelo meritocrático não temos mais esse giro, ainda mais entre os capacitados”.
Com uma equipe formada por cerca de 50 colaboradores, a consultoria Just Digital também tem investido na área de Recursos Humanos. Os pilares são métodos baseados em confiança, transparência, responsabilidade, auto-organização e resposta às mudanças. O discurso é bonito, mas na prática não é fácil chegar a tais conceitos e zerar a rotatividade. “No começo não foi fácil. Mas hoje os colaboradores ficam a par de tudo. Há o fortalecimento da relação entre as pessoas, até mesmo fora do ambiente corporativo”, apontou o sócio e consultor da Just Digital, Rafael Cichini.
De acordo com o executivo, a empresa trabalha com plataforma para gerenciar conteúdo e intranet de grandes portais e empresas, por isso é necessário envolver um time com know-how. “Vimos que os sistemas de promoção e recompensa adotados por boa parte das grandes empresas deviam ser considerados como referencial”, comentou.
A Just Digital é parceira do Google Enterprise no Brasil e na América Latina. Assim, sexta-feira à tarde tenta deixar horários para oferecer palestras internas e fomentar a capacitação. A ideia é criar grupos de estudo sobre novas tecnologias, em que as pessoas desenvolvem projetos em cerca de quatro ou cinco horas. “E conseguimos hoje apresentar isso aos clientes. Eles entendem que apesar de ser um resultado indireto, existe um time motivado e comprometido”.
Clima produtivo
Parte das companhias geralmente envolve um ambiente hostil e que afeta até os empregados mais criativos e eficientes devido ao grande volume de trabalho e cobrança. Assim, as empresas têm de buscar maneiras de entrosar as equipes e criar um clima dinâmico.
A agência de marketing digital para sites Cadastra aposta nisso. Com uma gestão inusitada, a equipe participa, dentro da empresa, de festas temáticas periódicas, como festa do pijama, festa da cerveja, além de contar com coquetéis e momentos de total relax, comentou a coordenadora de RH da Cadastra, Nicole Lunardi.
Segundo ela, a empresa começou a funcionar em meados de 2000, e desde então teve de buscar pessoas com conhecimento técnico. Como atua no ambiente on-line, o mercado envolve um público geralmente muito jovem e que precisa ser antenado com os avanços da internet. “Por isso, nós temos sempre de manter um ambiente descontraído. Até oferecer lanches e cerveja às sextas-feira”, disse ela.
Nicole ainda ressaltou que a equipe passa muito tempo na empresa e gasta energia em treinamento e capacitação. Logo a intenção é reter as pessoas “e não perdê-las para a concorrência”. Com a meta de crescer 60% este ano, a Cadastra investe na integração dos 130 colaboradores, dos quais 110 ficam em Porto Alegre (RS), onde está a base operacional. O restante fica em um escritório na capital paulista. “A interação envolve também um portal corporativo, a intranet acessada apenas pelos colaboradores”. Por fim, Nicole revela que a agência promove toda sexta-feira, a partir das 17h, uma confraternização em que custeia comes e bebes, sempre no final do expediente.
Fonte: DCI – SP
Meritocracia vira opção para PME reter talentos
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